“Se o Burlesco fosse uma mulher, mesmo nos seus piores dias, tem o nariz para cima, um sorriso rasgado e ninguém tem de saber dos seus problemas, porque é uma mulher confiante, que sabe dar a volta por cima. Como um gato, que cai, mas cai sempre de pé.”
Denise do Carmo
Com o aproximar da data de São Valentim a Magazine foi tropeçar em algumas artes da sedução na sua busca para actividades “fora da caixa” durante este mês que exalta o amor.
Uma delas foi o Burlesco, e para tal fomos conversar com Denise do Carmo, uma das artistas representantes desta arte em Portugal.
Denise desde pequenina sabia que queria ser bailarina. Inspirada pela sua ídola Madonna, começou aos 16 anos a fazer playbacks em espectáculos para discotecas. Pouco depois entrou na Escola Superior de Dança em Lisboa, e posteriormente foi estudar em Londres e Nova Iorque. Denise realizou carreira como bailarina até aos 38 anos. Ao longo deste percurso, em Nova Iorque, na Broadway Dance Center, tirou o curso de Técnica de Musicais e foi aí que se apaixonou perdidamente por este tipo de performance. Começou a fazer espectáculos de Cabaret no Maxim e Santiago Alquimista, onde encarnou personagens como Liza Minelli, Marylin Monroe entre outras personalidades bem conhecidas do mundo do espectáculo.
Em 2010 estreou o filme “Burlesque” com a Cher e a Christina Aguilera, e Denise encantou-se com este género de “cabaret contemporâneo”: as roupas, os acessórios e os cenários. A partir daí começou a criar espectáculos de Burlesco, a ser cada vez mais requisitada e dar aulas desta arte performativa, repleta de sensualidade.
Um pouco sobre a história do Burlesco..
Esta é uma arte antiga remonta ao século XVII. Faz uma fusão entre várias vertentes: como a sátira, o humor, o teatro, o circo, o ballet e a pantomina. Sendo descendente da Commedia dell’arte tem uma grande base cómica. Ao contrário do que se possa pensar, o Burlesco não se trata de um grupo de strippers que se apresentam num palco, muito pelo contrário. O Burlesco nasceu da satirização de temas como o ciúme, o adultério, os afectos e mesmo alguns peças de comédias romanas e gregas perdidas no tempo.
As mulheres começaram a mostrar um bocadinho da perna. A sensualidade e o tempo que as bailarinas demoravam a realizar cada gesto bastava para provocar as hostes. Mais tarde nos E.U.A. e Canadá, junta-se uma linguagem específica, mas mais alargada, o Vaudeville (termo que foi adulterado do francês, “voix de ville”, a voz da cidade). Esta era uma forma de arte que teve a sua origem nos espectáculos que se realizavam nos saloons, freak shows e nos chamados Dime Museums (instituições criadas para o entretenimento e educação moral das classes pobres norte-americanas), bem como à literatura burlesca, e afirmou-se essencialmente desde o início de 1800 até 1930.
O Burlesco trata-se assim de uma rica forma de arte musical e cómica nos Estados Unidos da América que remonta aos anos de 1830/40 e que se foi redefinindo ao longo de décadas até essencialmente 1960.
O papel do Burlesco..
No inicio da sua história, o Burlesco teve um papel decisivo na transformação dos costumes e mudança de paradigmas. Pela primeira vez era permitido à mulher mostrar o seu corpo, facto que influenciou incondicionalmente toda a cultura popular associada ao género feminino.
Hoje em dia, como a própria Denise mencionou, a prática desta arte, quer em cima do palco, quer nas aulas ou nos bastidores da vida, é uma técnica que promove a afirmação pessoal da mulher, desenvolve a auto-confiança e auto-estima das mulheres enquanto seres sensuais.
“O Vintage Burlesco é simplesmente uma arte de sedução. Cada mulher tem dentro dela um potencial gigante de sedução. As minhas alunas são de todas as formas e feitios, e vêm muitas vezes às minhas aulas, pela falta de auto-estima e confiança nelas próprias. Muitas das minhas alunas vêm para as minhas aulas de Burlesco, porque só têm aquela hora para ser sensuais.”
Seja Diva por um dia:
Não perca a oportunidade de experimentar, porque no próximo dia 14 de Fevereiro, sábado, Denise vai dar um workshop de iniciação a esta arte. O objectivo será maioritariamente desbloquear e divertir. Manusear cadeiras? É certo. Conhecer um pouco mais do lado sensual e sedutor, ainda mais certo.
“Quero principalmente que as minhas alunas se sintam Divas. Senão se sentirem Divas não estão num workshop de Burlesco. Sinto que quando consigo estimular esse lado da mulher nas minhas alunas, ainda vou conseguir espremer mais: nunca é suficiente. Se o Burlesco fosse uma mulher, mesmo nos seus piores dias, tem o nariz para cima, um sorriso rasgado e ninguém tem de saber dos seus problemas, porque é uma mulher confiante, que sabe dar a volta por cima. Como um gato, que cai, mas cai sempre de pé.”
Workshop DIVA Burlesque
14 de Fevereiro – das 15:00 às 16:30
Local: Atheneu
Morada: Rua das Portas de Santo Antão 110, 1150-269 Lisboa
Valor: até dia 13 de Fevereiro – 15€, depois 20€