Há muito tempo que o bairro da Estefânea suspirava por um destino como este.
Leituria é a conjugação perfeita que faltava na zona e está aninhada no nº 123 A da Rua D. Estefânea. Margarida Mendes e Vítor Rodrigues são os “principiadores” deste projeto que nasceu da conjução das suas paixões. Vítor trabalhou cerca de 20 anos como livreiro, Margarida é designer e uma apaixonada pelas artes. Depois de viverem três anos fora da cidade que sentem como deles, decidiram arrumar “livros e bagagens” e demandar de novo para Lisboa.
Descobriram o espaço que viria constituir a atual Leituria em dezembro, e em janeiro estava decidido que era ali que queriam criar novas raízes. A Magazine andava pelo bairro e descobriu a Leituria numa tarde de semana, depois de almoço.
Tropeçámos no nº 124A e a montra chamou-nos logo à atenção. Entrámos e cedo percebemos de que se tratava de um espaço recheado de detalhes que demoram o seu tempo e carisma a apreciar. Leituria é o concretizar de três paixões deste casal rendido aos encantos da Estefanêa.
Os livros, a mercearia fina e as artes dão vida a este novíssimo espaço, que abriu no passado dia 15 de março.
Na ala da entrada, temos alguns livros expostos, assim como uma área destinada aos produtos de mercearia fina, todos de fornecedores nacionais. Ele é Mostarda de Manga da Santa Gula, sardinhas conservadas em método hiper artesanal das Conservas de Pinhais, conserva de atum com batata doce e funcho da Santa Catarina, marmelada seca da Quinta do Pedregal, Bombons de Mel com Chocolate da Casa do Couto até à Salicórnia vinda de Aveiro. Todos os produtos são escolhidos a dedo e assim como as várias vertentes desta casa fazem parte do leque do gosto pessoal dos proprietários. Já defendia La Rochefoucauld “nada é mais contagioso do que o exemplo.”
Percorrendo o espaço com atenção e algum foco nos detalhes, surpreendemo-nos a cada passo, com as peças únicas de arte plástica com que nos vamos deparando. Desde as obras de arte com materiais recicláveis do artista Simão Bolívar, à personificação de materiais inanimados pelas Contadeiras de Histórias ou às singulares peças das Pedras de Leitor. Mais uma vez, tudo escolhido a dedo.
Na zona dos “bebes” há uma seleção rigorosa de vinhos nacionais e cervejas artesanais:Maldita, Sovina e Lovina são algumas das protagonistas. Seguindo para as entranhas da Leituria, apercebemo-nos imediatamente de que tem mais surpresas a desvendar: um andar lá embaixo, e cá em cima, toda uma sala dedicada ao prazer da leitura: uma enorme biblioteca, distribuida em duas estantes de cubos versáteis, que acompanham o casal já há alguns anos, “afinal esta estante foi uma criação nossa e adapta-se bem a qualquer espaço”.
Os livros são escolhidos com muita precisão e consciência, sendo que optam muito por editoras independentes, como a & etc e a Antígona. A Leituria ganha vida nesta secção com as tertúlias, conversas e apresentação de livros de autores. Há também um espaço para a criançada, envolto por literatura infantil, e um sofá que pede momentos de deleite.
O andar de baixo é reservado para as exposições, workshops e sala de estar. As exposições têm uma duração média de duas a três semanas, sendo que dia 1 de maio inaugura a obra “Flores” de Conceição Freitas, um trabalho de lápis de cor e grafite sobre papel. Margarida e Vítor estão muito abertos a novas ideias, e a resposta a essa disponibilidade tem sido muito positiva.
Vários artistas têm proposto iniciativas, que desde que vão de acordo com o “ser” deste casal lisboeta, terão abertura para os desenvolver na Leituria. As palavras de assinatura: Expressões Culturais não são por acaso, afinal a “alma desta casa é a fusão das paixões artísticas” dos seus fundadores.
A Leituria é um espaço de ser, conviver e aprender. Está aberta de segunda a sábado, das 10:00 às 20:00 e espera por uma visita sua.